O Zimbabwe é um país localizado no sul da África, que foi colonizado pelos britânicos até 1980, quando se tornou independente. O primeiro líder eleito do país foi Robert Mugabe, que se manteve no poder por 37 anos, até ser deposto por um golpe militar em 2017. Mas quem foi Robert Mugabe e como foi o seu governo? Quais foram as suas políticas e os seus impactos para o Zimbabwe e para a região? Por que ele foi considerado um dos ditadores mais controversos da história africana?
Neste artigo, você vai encontrar as respostas para essas e outras perguntas sobre o governo de Robert Mugabe no Zimbabwe, que foi marcado por um forte autoritarismo, uma grave crise econômica e social, e uma resistência popular que culminou na sua queda. Você vai entender como Mugabe passou de um herói da luta pela independência a um tirano que oprimiu o seu próprio povo. Você também vai conhecer as principais características do Zimbabwe atual, que ainda enfrenta muitos desafios para se recuperar dos danos causados pelo regime de Mugabe.
Quem foi Robert Mugabe?
Robert Mugabe nasceu em 1924, em uma família pobre e católica, no que era então a Rodésia do Sul, uma colônia britânica. Ele estudou em escolas missionárias e se formou em várias áreas, como história, economia, educação e direito. Ele se envolveu na política desde jovem, participando de movimentos nacionalistas que reivindicavam a independência da Rodésia do Sul. Ele foi preso em 1964, acusado de subversão, e ficou detido por 10 anos, durante os quais continuou seus estudos na prisão.
Em 1974, ele foi libertado e se exilou em Moçambique, onde se tornou o líder do ZANU (União Nacional Africana do Zimbabwe), um dos principais grupos guerrilheiros que combatiam o regime colonial. Em 1979, ele participou das negociações que levaram ao fim da guerra civil e à formação do Zimbabwe, reconhecido pela Grã-Bretanha em 1980. Nas primeiras eleições do país, Mugabe foi eleito primeiro-ministro, com o apoio da maioria negra, que via nele um símbolo da libertação nacional.
Como foi o governo de Robert Mugabe?
O governo de Robert Mugabe no Zimbabwe pode ser dividido em duas fases: uma inicial, de 1980 a 1990, mais moderada e conciliatória, e uma posterior, de 1990 a 2017, mais radical e repressiva.
Na primeira fase, Mugabe adotou uma política de reconciliação nacional, mantendo alguns direitos e privilégios da minoria branca, que ainda controlava grande parte da economia e da terra. Ele também promoveu reformas sociais, como a expansão da educação e da saúde, que melhoraram os indicadores de desenvolvimento humano do país. Ele ainda se engajou na diplomacia regional, apoiando movimentos de libertação em países vizinhos, como a África do Sul e a Namíbia.
No entanto, a partir da década de 1990, Mugabe mudou o seu discurso e a sua prática, tornando-se mais autoritário e populista. Ele alterou a constituição para se tornar presidente, com poderes ampliados, e eliminou a oposição, através de fraudes eleitorais, violência, censura e perseguição. Ele também iniciou uma polêmica reforma agrária, que consistiu na expropriação e na distribuição de terras dos fazendeiros brancos para os veteranos da guerra de independência, sem critérios técnicos ou compensação financeira.
Essa medida provocou uma forte reação internacional, que impôs sanções econômicas e políticas ao Zimbabwe, e também gerou uma crise interna, que resultou na queda da produção agrícola, na escassez de alimentos, na hiperinflação, no desemprego, na pobreza e no êxodo de milhões de zimbabuanos.
Quais foram as consequências do governo de Robert Mugabe para o Zimbabwe?
As consequências do governo de Robert Mugabe para o Zimbabwe foram devastadoras, tanto do ponto de vista econômico, quanto do social e do político. O país, que já foi considerado o celeiro da África e um modelo de desenvolvimento, se tornou um dos mais pobres e instáveis do continente. Segundo dados do Banco Mundial, o PIB per capita do Zimbabwe caiu de US$ 1.342 em 1980 para US$ 1.064 em 2017, enquanto a taxa de pobreza extrema subiu de 25% em 1990 para 34% em 2019.
A expectativa de vida, que era de 60 anos em 1980, despencou para 44 anos em 2003, e se recuperou para 62 anos em 2019, ainda abaixo da média africana. A inflação, que chegou a atingir 79,6 bilhões por cento ao ano em 2008, foi controlada apenas em 2009, quando o país adotou o dólar americano como moeda oficial. A violação dos direitos humanos, a corrupção, a impunidade e a falta de democracia também marcaram o período de Mugabe, que enfrentou diversas manifestações e greves populares, além de tentativas de golpe e de impeachment.
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Conclusão
O governo de Robert Mugabe no Zimbabwe foi um dos mais longos e controversos da história africana, que deixou um legado de autoritarismo e crise econômica para o país. Mugabe, que começou como um líder revolucionário e carismático, se transformou em um ditador cruel e isolado, que se recusou a deixar o poder até ser forçado pelos militares em 2017. O Zimbabwe, que se tornou independente em 1980, ainda busca se reconstruir e se redemocratizar, enfrentando muitos desafios e incertezas para o seu futuro.