O movimento dos não-alinhados e o papel da África
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O movimento dos não-alinhados foi uma iniciativa política que surgiu durante a Guerra Fria, entre as décadas de 1950 e 1980, e que reuniu países que não queriam se aliar nem aos Estados Unidos nem à União Soviética, as duas superpotências que disputavam a hegemonia mundial. O objetivo do movimento era defender os interesses e a soberania dos países em desenvolvimento, especialmente da África e da Ásia, que haviam sido colonizados e explorados por potências europeias. O movimento também defendia os princípios de paz, cooperação, não-intervenção, desarmamento e autodeterminação dos povos.
A origem do movimento dos não-alinhados
O movimento dos não-alinhados teve a sua origem na Conferência de Bandung, realizada em 1955 na Indonésia, que reuniu 29 países da África e da Ásia, liderados por figuras como Jawaharlal Nehru (Índia), Sukarno (Indonésia), Gamal Abdel Nasser (Egito) e Zhou Enlai (China). A conferência foi um marco na história do terceiro mundo, pois expressou a vontade desses países de se libertarem do domínio colonial e de buscarem o seu próprio caminho de desenvolvimento, sem se submeterem à influência das superpotências. A conferência também denunciou o racismo, o imperialismo e o neocolonialismo, e propôs a criação de uma solidariedade entre os países afro-asiáticos.
A primeira conferência oficial do movimento dos não-alinhados ocorreu em 1961, em Belgrado, na Iugoslávia, com a participação de 25 países. O líder iugoslavo Josip Broz Tito foi um dos principais articuladores do movimento, juntamente com Nehru, Nasser e Kwame Nkrumah (Gana). A conferência de Belgrado estabeleceu os dez princípios básicos do movimento, que incluíam o respeito à soberania e à integridade territorial dos Estados, a não-agressão, a não-ingerência nos assuntos internos, a igualdade e a cooperação, a solução pacífica dos conflitos, a abstenção de participar de alianças militares, o apoio aos movimentos de libertação nacional e a promoção dos direitos humanos e da justiça social.
O papel da África no movimento dos não-alinhados
A África teve um papel fundamental no movimento dos não-alinhados, pois foi o continente que mais sofreu com o colonialismo e o neocolonialismo, e que mais lutou pela sua independência e emancipação. Muitos países africanos aderiram ao movimento como uma forma de afirmar a sua identidade e a sua autonomia, e de buscar o apoio de outros países em desenvolvimento para enfrentar os desafios econômicos, sociais e políticos que enfrentavam. O movimento também foi uma plataforma para denunciar e combater o apartheid na África do Sul, o regime racista e segregacionista que oprimia a maioria negra do país.
O movimento dos não-alinhados realizou várias conferências na África, como em Cairo (1964), Argel (1973), Harare (1986) e Durban (1998), e contou com a participação ativa de líderes africanos como Julius Nyerere (Tanzânia), Kenneth Kaunda (Zâmbia), Nelson Mandela (África do Sul), Robert Mugabe (Zimbábue), Samora Machel (Moçambique), Thomas Sankara (Burkina Faso) e Muammar al-Gaddafi (Líbia). Esses líderes defenderam os interesses e as aspirações dos povos africanos, e também contribuíram para a construção de uma identidade e de uma unidade continental, através da Organização da Unidade Africana (OUA), fundada em 1963.
A relevância do movimento dos não-alinhados hoje
O movimento dos não-alinhados perdeu parte da sua força e da sua coesão após o fim da Guerra Fria, em 1991, quando o cenário internacional mudou radicalmente. Muitos países do movimento passaram a se aproximar das potências ocidentais, especialmente dos Estados Unidos, buscando benefícios econômicos e políticos. Outros países enfrentaram crises internas, conflitos étnicos, golpes de Estado, violações dos direitos humanos e intervenções externas. Além disso, surgiram novos atores e desafios no cenário mundial, como a globalização, o terrorismo, as mudanças climáticas, as migrações, as epidemias, as guerras cibernéticas e as armas nucleares.
No entanto, o movimento dos não-alinhados ainda existe e ainda reúne mais de 120 países, que representam cerca de dois terços da população mundial e 55% do Produto Interno Bruto (PIB) global. O movimento continua defendendo os princípios de soberania, independência, cooperação, paz e desenvolvimento, e se posicionando sobre questões internacionais de interesse comum. O movimento também busca se adaptar às novas realidades e aos novos desafios, e se renovar com a participação de novos líderes e de novas gerações.
O movimento dos não-alinhados e o papel da África são temas importantes para se conhecer e se estudar, pois revelam aspectos da história, da política, da cultura e da sociedade de países que muitas vezes são marginalizados ou ignorados pelo discurso hegemônico. Além disso, esses temas podem inspirar reflexões e ações para a construção de um mundo mais justo, democrático, solidário e sustentável.
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Perguntas frequentes
O que é o movimento dos não-alinhados?
O movimento dos não-alinhados é uma iniciativa política que reúne países que não querem se aliar nem aos Estados Unidos nem à União Soviética, as duas superpotências que disputavam a hegemonia mundial durante a Guerra Fria. O objetivo do movimento é defender os interesses e a soberania dos países em desenvolvimento, especialmente da África e da Ásia.
Quando e onde surgiu o movimento dos não-alinhados?
O movimento dos não-alinhados teve a sua origem na Conferência de Bandung, realizada em 1955 na Indonésia, que reuniu 29 países da África e da Ásia. A primeira conferência oficial do movimento ocorreu em 1961, em Belgrado, na Iugoslávia, com a participação de 25 países.
Quais foram os principais líderes e países do movimento dos não-alinhados?
Os principais líderes e países do movimento dos não-alinhados foram Josip Broz Tito (Iugoslávia), Jawaharlal Nehru (Índia), Gamal Abdel Nasser (Egito), Kwame Nkrumah (Gana), Sukarno (Indonésia), Zhou Enlai (China), Julius Nyerere (Tanzânia), Kenneth Kaunda (Zâmbia), Nelson Mandela (África do Sul), Robert Mugabe (Zimbábue), Samora Machel (Moçambique), Thomas Sankara (Burkina Faso) e Muammar al-Gaddafi (Líbia).
Qual foi o papel da África no movimento dos não-alinhados?
A África teve um papel fundamental no movimento dos não-alinhados, pois foi o continente que mais sofreu com o colonialismo e o neocolonialismo, e que mais lutou pela sua independência e emancipação. Muitos países africanos aderiram ao movimento como uma forma de afirmar a sua identidade e a sua autonomia, e de buscar o apoio de outros países em desenvolvimento. O movimento também foi uma plataforma para denunciar e combater o apartheid na África do Sul, o regime racista e segregacionista que oprimia a maioria negra do país.