Independência africana: causas e consequências
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A África é um continente rico em diversidade cultural, étnica, linguística e religiosa. No entanto, por séculos, foi dominada e explorada por potências coloniais europeias, que impuseram seus interesses econômicos, políticos e culturais sobre os povos africanos. A independência africana foi um movimento de libertação nacional que buscou romper com o jugo colonial e afirmar a soberania e a identidade dos países africanos. Mas como e por que esse movimento surgiu? Quais foram as suas principais características e desafios? E quais foram as suas consequências para a África e para o mundo?
Neste artigo, vamos responder a essas perguntas e mostrar como a independência africana foi um processo histórico complexo, contraditório e heterogêneo, que envolveu lutas políticas, sociais, culturais e militares, e que teve impactos profundos na realidade atual do continente africano.
Causas da independência africana
As causas da independência africana podem ser divididas em três categorias: internas, externas e conjunturais.
As causas internas dizem respeito aos fatores que emergiram dentro do próprio continente africano, como:
- O surgimento de movimentos nacionalistas, que reivindicavam o direito à autodeterminação e à independência dos povos africanos, e que se organizaram em partidos políticos, sindicatos, associações culturais e grupos armados.
- A resistência dos povos africanos à dominação colonial, que se manifestou em diversas formas de protesto, rebelião, guerrilha e sabotagem, e que desafiou a autoridade e a legitimidade dos colonizadores.
- A valorização das culturas e das identidades africanas, que se expressou na recuperação e na difusão das línguas, das religiões, das artes e das tradições locais, e que contestou o etnocentrismo e o racismo dos colonizadores.
As causas externas dizem respeito aos fatores que vieram de fora do continente africano, como:
- A influência da Segunda Guerra Mundial, que enfraqueceu as potências coloniais europeias, que tiveram que enfrentar o custo humano e material do conflito, e que perderam o prestígio e a hegemonia mundial.
- A pressão da Organização das Nações Unidas (ONU), que defendeu o princípio da autodeterminação dos povos, e que condenou o colonialismo como uma violação dos direitos humanos e uma ameaça à paz mundial.
- O apoio dos blocos socialista e capitalista, que disputavam a influência política e econômica na África, e que ofereceram ajuda financeira, militar e diplomática aos movimentos de libertação nacional.
As causas conjunturais dizem respeito aos fatores que criaram condições favoráveis para a independência africana em determinados momentos e lugares, como:
- A crise do sistema colonial, que se evidenciou na incapacidade dos colonizadores de manter o controle político, econômico e social sobre as colônias, e na insatisfação dos colonizados com a exploração, a opressão e a marginalização que sofriam.
- A emergência de lideranças carismáticas, que se destacaram pela sua capacidade de mobilizar, organizar e inspirar os povos africanos, e que se tornaram símbolos e referências da luta pela independência.
- A existência de alianças e solidariedades regionais, continentais e internacionais, que fortaleceram os movimentos de libertação nacional, e que facilitaram a troca de experiências, ideias e recursos entre os países africanos e outros países do mundo.
Consequências da independência africana
As consequências da independência africana podem ser analisadas em três dimensões: política, econômica e social.
A dimensão política diz respeito aos aspectos relacionados ao poder, à soberania e à governança dos países africanos, como:
- A formação de novos Estados nacionais, que adotaram diferentes formas de organização política, como repúblicas, monarquias, federações e confederações, e que se inseriram no sistema internacional como membros da ONU e de outras organizações regionais e continentais.
- A instabilidade e o conflito político, que resultaram da fragilidade das instituições democráticas, da falta de consenso nacional, da interferência externa, da disputa entre grupos étnicos, religiosos e ideológicos, e da violação dos direitos humanos e das liberdades civis.
- A busca por integração e cooperação regional, que visou promover o desenvolvimento, a segurança e a solidariedade entre os países africanos, e que se concretizou na criação de organismos como a Organização da Unidade Africana (OUA) e a União Africana (UA).
A dimensão econômica diz respeito aos aspectos relacionados à produção, à distribuição e ao consumo de bens e serviços nos países africanos, como:
- A dependência e o subdesenvolvimento econômico, que se manifestaram na continuidade da exploração dos recursos naturais, na vulnerabilidade às flutuações do mercado mundial, na dívida externa, na pobreza, na fome e na desigualdade social.
- A diversificação e a industrialização econômica, que se basearam na ampliação e na modernização dos setores agrícola, mineral, energético, manufatureiro e de serviços, e que buscaram reduzir a dependência e aumentar a competitividade dos países africanos.
- A integração e a cooperação econômica, que se apoiaram na criação e na participação de blocos comerciais, como a Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), a Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC) e a Comunidade Econômica e Monetária da África Central (CEMAC), e que objetivaram estimular o comércio, o investimento e o desenvolvimento regional.
A dimensão social diz respeito aos aspectos relacionados à cultura, à educação e à saúde dos povos africanos, como:
- A afirmação e a diversidade cultural, que se refletiram na valorização e na preservação das línguas, das religiões, das artes e das tradições africanas, e na expressão e na convivência das múltiplas identidades étnicas, nacionais e continentais.
- A expansão e a qualidade da educação, que se traduziram no aumento do acesso e da permanência dos africanos nos diferentes níveis de ensino, e na melhoria dos indicadores de alfabetização, escolaridade e qualificação profissional.
- A melhoria e os desafios da saúde, que se evidenciaram no crescimento da expectativa de vida, na redução da mortalidade infantil e materna, e na prevenção e no tratamento de doenças como a malária, a tuberculose e a AIDS.
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A independência africana foi um processo histórico que transformou o continente africano e o mundo. Foi um movimento de libertação nacional que teve como causas internas, externas e conjunturais, e que teve como consequências políticas, econômicas e sociais. Foi um processo complexo, contraditório e heterogêneo, que envolveu lutas, conquistas, desafios e oportunidades. Foi um processo que marcou a história da África e da humanidade.
Perguntas frequentes
Quando começou e terminou a independência africana?
A independência africana começou no final da década de 1950 e terminou no início da década de 1990. O primeiro país africano a se tornar independente foi o Sudão, em 1956, e o último foi a Eritreia, em 1993.
Quais foram as principais potências coloniais na África?
As principais potências coloniais na África foram a França, a Grã-Bretanha, a Bélgica, a Portugal, a Espanha, a Itália e a Alemanha. Esses países dividiram a África entre si na Conferência de Berlim, em 1884-1885, sem levar em conta as fronteiras étnicas, culturais e históricas dos povos africanos.
Quais foram as principais lideranças da independência africana?
Algumas das principais lideranças da independência africana foram: Kwame Nkrumah, de Gana; Jomo Kenyatta, do Quênia; Patrice Lumumba, do Congo; Nelson Mandela, da África do Sul; Julius Nyerere, da Tanzânia; Ahmed Ben Bella, da Argélia; Amílcar Cabral, da Guiné-Bissau e Cabo Verde; Samora Machel, de Moçambique; e Agostinho Neto, de Angola.
Quais são os principais desafios da África atualmente?
Alguns dos principais desafios da África atualmente são: a superação da pobreza, da fome e da desigualdade social; a promoção da democracia, dos direitos humanos e da paz; a preservação do meio ambiente e dos recursos naturais; a prevenção e o combate às doenças; a melhoria da educação, da saúde e da infraestrutura; a diversificação e a integração econômica; e a afirmação e a valorização da cultura e da identidade africanas.