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A Guerra Fria, que se estendeu aproximadamente de 1947 a 1991, teve um impacto significativo na África, onde as potências globais, principalmente os Estados Unidos e a União Soviética, buscaram expandir sua influência. O continente tornou-se um campo de batalha ideológico e militar, refletindo a luta entre o capitalismo e o socialismo.
Divisão Ideológica e Alianças
Durante a Guerra Fria, muitos países africanos recém-independentes se viram divididos entre as duas superpotências. Enquanto alguns se alinharam com os EUA, outros buscaram apoio da URSS. Essa dinâmica resultou em uma série de conflitos indiretos, onde potências externas apoiavam diferentes facções em guerras civis e revoluções.
- Alianças com os EUA: Países como o Zaire (atual República Democrática do Congo) sob Mobutu Sese Seko e a Libéria de Samuel Doe receberam apoio dos EUA para combater movimentos considerados comunistas.
- Alianças com a URSS: Na contrapartida, nações como Angola e Etiópia contaram com o suporte soviético e cubano para enfrentar regimes apoiados pelos EUA. O MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola) e o governo etíope liderado por Mengistu Mariam são exemplos dessa aliança.
Conflitos Civis e Guerras de Libertação
A Guerra Fria exacerbou conflitos internos em muitos países africanos, frequentemente resultando em guerras civis. A luta pela independência das potências coloniais europeias foi rapidamente seguida por disputas internas alimentadas pelo apoio externo.
- Angola: Após conquistar a independência de Portugal em 1975, Angola mergulhou em uma guerra civil entre o MPLA, apoiado pela URSS e Cuba, e a UNITA (União Nacional para a Independência Total de Angola), apoiada pelos EUA e pela África do Sul.
- Etiópia: A revolução etíope de 1974 levou à ascensão do regime comunista de Mengistu, que recebeu apoio soviético enquanto enfrentava rebeldes armados.
Impactos Sociais e Econômicos
Os conflitos gerados ou exacerbados pela Guerra Fria tiveram consequências devastadoras para as sociedades africanas. A instabilidade política resultou em crises humanitárias, deslocamento forçado de populações e colapso econômico em várias regiões.
- Crises Humanitárias: Milhões de pessoas foram deslocadas devido aos conflitos, levando a crises de refugiados que afetaram não apenas os países em guerra, mas também seus vizinhos.
- Colapso Econômico: A dependência do apoio militar externo contribuiu para a corrupção e o mau gerenciamento dos recursos naturais, perpetuando ciclos de pobreza.
Legado da Guerra Fria na África
O fim da Guerra Fria não trouxe paz imediata para a África. Os conflitos que surgiram durante este período deixaram cicatrizes profundas nas sociedades africanas. Muitos países ainda lutam com as consequências das divisões criadas durante essa era.
- Conflitos Contemporâneos: A influência externa continua a ser um fator nos conflitos atuais. Grupos armados não estatais, como Boko Haram na Nigéria e Al Shabaab no Quênia, muitas vezes exploram as fragilidades deixadas por décadas de instabilidade.
- Nova Rivalidade Global: Recentemente, observa-se um ressurgimento da rivalidade entre potências globais na África, com a Rússia buscando expandir sua influência através do Grupo Wagner e outros meios[4].
A Guerra Fria moldou não apenas a política africana do século XX, mas também continua a influenciar as dinâmicas sociais e econômicas do continente até hoje.
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