Compartilhe este artigo
A guerra fria foi um período de tensão e rivalidade entre os Estados Unidos e a União Soviética, que durou de 1947 a 1991. Durante esse tempo, as duas superpotências competiram pela influência e pelo domínio no mundo, usando meios políticos, econômicos, militares e ideológicos. A guerra fria não envolveu um confronto direto entre os dois blocos, mas sim uma série de conflitos indiretos, chamados de guerras proxy, em diferentes regiões do globo.
Nesse Artigo
Uma dessas regiões foi a África, que se tornou um palco importante para a disputa entre os Estados Unidos e a União Soviética. A África era vista como uma fonte de recursos naturais, como petróleo, minerais e terras agrícolas, e também como um mercado potencial para os produtos e as ideologias dos dois lados. Além disso, a África era um cenário de movimentos de libertação nacional, que buscavam a independência dos países colonizados por potências europeias, como França, Grã-Bretanha, Portugal e Bélgica.
Neste artigo, vamos explorar como a guerra fria e a influência das superpotências na África afetaram a política, a economia e a sociedade dos países africanos. Vamos analisar os principais acontecimentos, os atores envolvidos e as consequências desse período histórico.
A influência das superpotências na África antes da guerra fria
Antes da guerra fria, a África já era alvo de interesses das potências mundiais, especialmente as europeias, que colonizaram a maior parte do continente desde o século XIX. A colonização implicou na exploração dos recursos naturais, na imposição de sistemas políticos, econômicos, sociais e culturais, e na repressão dos povos africanos.
No entanto, a partir da década de 1940, a situação começou a mudar. A Segunda Guerra Mundial (1939-1945) enfraqueceu as potências coloniais, que tiveram que enfrentar os custos humanos e materiais do conflito, e também fortaleceu os movimentos de libertação nacional, que se inspiraram nas ideias de democracia, nacionalismo e autodeterminação. Além disso, a emergência dos Estados Unidos e da União Soviética como as novas superpotências mundiais alterou o equilíbrio de forças no cenário internacional.
Os Estados Unidos e a União Soviética tinham visões diferentes sobre a questão colonial na África. Os Estados Unidos defendiam o fim do colonialismo e o apoio aos processos de independência, pois acreditavam que isso favoreceria a expansão do seu modelo de democracia liberal e de economia de mercado. A União Soviética também apoiava a descolonização, mas com o objetivo de difundir o seu modelo de socialismo e de planejamento centralizado. Ambos os lados também tinham interesses estratégicos e geopolíticos na África, como o controle de rotas marítimas, de bases militares e de recursos energéticos.
Assim, os Estados Unidos e a União Soviética passaram a interferir na política africana, oferecendo ajuda financeira, militar e diplomática aos grupos que lhes eram favoráveis. Essa interferência se intensificou com o início da guerra fria, que aumentou a competição e a hostilidade entre os dois blocos.
A influência das superpotências na África durante a guerra fria
Durante a guerra fria, a África foi palco de vários conflitos armados, que envolveram a participação direta ou indireta dos Estados Unidos e da União Soviética. Esses conflitos foram motivados por questões internas, como disputas étnicas, religiosas, territoriais e ideológicas, mas também por questões externas, como a intervenção das superpotências e das potências coloniais. Alguns dos principais conflitos foram:
- A guerra da Argélia (1954-1962): Foi uma luta pela independência da Argélia, que era uma colônia da França. A União Soviética apoiou os rebeldes argelinos, que eram nacionalistas e socialistas, enquanto os Estados Unidos apoiaram a França, que era sua aliada na OTAN. A guerra terminou com a vitória dos argelinos e a saída dos franceses.
- A crise do Congo (1960-1965): Foi uma série de conflitos que ocorreram após a independência do Congo, que era uma colônia da Bélgica. O primeiro-ministro Patrice Lumumba, que era nacionalista e socialista, recebeu o apoio da União Soviética, enquanto o presidente Joseph Kasavubu, que era pró-ocidental, recebeu o apoio dos Estados Unidos. A situação se complicou com a intervenção de tropas belgas, que tentaram manter o controle de áreas ricas em minerais, e de mercenários, que apoiaram a secessão de províncias rebeldes. Lumumba foi assassinado em 1961, em um golpe apoiado pela CIA. Em 1965, o general Mobutu Sese Seko tomou o poder, com o apoio dos Estados Unidos, e instaurou uma ditadura.
- A guerra de Angola (1975-2002): Foi uma guerra civil que começou após a independência de Angola, que era uma colônia de Portugal. O MPLA, que era marxista e apoiado pela União Soviética e por Cuba, lutou contra a UNITA, que era anticomunista e apoiada pelos Estados Unidos e pela África do Sul. A guerra envolveu a intervenção de tropas estrangeiras, como cubanos, sul-africanos e zairenses, e foi marcada por violações dos direitos humanos, deslocamentos de populações e minas terrestres. A guerra terminou com a vitória do MPLA e a derrota da UNITA.
- A guerra da Etiópia e da Somália (1977-1978): Foi uma guerra entre a Etiópia e a Somália, que disputavam o controle da região do Ogaden, habitada por somalis. A Etiópia era governada por um regime socialista, apoiado pela União Soviética e por Cuba, enquanto a Somália era governada por um regime militar, apoiado pelos Estados Unidos e pela Arábia Saudita. A guerra terminou com a vitória da Etiópia e a retirada da Somália.
Esses são apenas alguns exemplos de como a guerra fria e a influência das superpotências na África geraram conflitos e instabilidade no continente. Além disso, a interferência dos Estados Unidos e da União Soviética também teve impactos na economia e na sociedade dos países africanos.
A influência das superpotências na África após a guerra fria
Com o fim da guerra fria, em 1991, a situação na África mudou. Os Estados Unidos e a União Soviética reduziram o seu envolvimento no continente, deixando de apoiar os regimes e os grupos que lhes eram aliados. Isso gerou um vácuo de poder, que foi preenchido por novos atores, como a China, a União Europeia, a ONU e as organizações regionais africanas.
A retirada das superpotências também abriu espaço para processos de democratização, de reforma econômica e de resolução de conflitos em alguns países africanos. Por outro lado, também agravou problemas como a pobreza, a fome, a corrupção, o subdesenvolvimento, as doenças, o terrorismo e o tráfico de drogas e de armas em outros países africanos.
Assim, a influência das superpotências na África teve consequências positivas e negativas para o continente. Por um lado, contribuiu para a descolonização e para a independência de vários países, mas por outro lado, provocou guerras e violações dos direitos humanos.
VEJA MAIS | https://www.youtube.com/@AfricanaHistoria | Artigos – África na História (africanahistoria.com) |
Conclusão
A guerra fria e a influência das superpotências na África foram fenômenos históricos que marcaram o século XX e que tiveram repercussões até os dias de hoje. A interferência dos Estados Unidos e da União Soviética no continente africano teve aspectos positivos e negativos, que afetaram a política, a economia e a sociedade dos países africanos. A guerra fria e a influência das superpotências na África também geraram desafios e oportunidades para o desenvolvimento e a integração do continente no cenário mundial.